Recentemente, o Projeto Valoriza Pesca, do Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, lançou o e-book “Entre marés: retratos da pesca artesanal na Baixada Santista”, publicação que reúne dados socioeconômicos inéditos sobre a atividade pesqueira artesanal na região.
O livro destaca que a pesca artesanal é alimento, cultura e identidade, sendo fonte de subsistência para muitas famílias que dependem do mar e dos rios na Baixada Santista. A publicação traz um retrato atualizado dessa realidade, mostrando, ao mesmo tempo, como enfrenta dificuldades crescentes.
Além disso, o material chama atenção para os desafios enfrentados pelos pescadores e pescadoras, como a falta de infraestrutura adequada, a pressão exercida por grandes empreendimentos costeiros e a redução da qualidade ambiental, fatores que ameaçam a continuidade dessa tradição centenária.
A publicação “Entre marés” foi estruturada para dialogar tanto com pesquisadores e gestores públicos, quanto com jornalistas e a sociedade em geral. Cada capítulo é um convite à reflexão sobre a necessidade de fortalecer a pesca artesanal, reconhecendo seu papel essencial na preservação das comunidades, dos territórios e do futuro do mar.
De acordo com Ingrid Cabral Machado, uma das autoras do livro e pesquisadora do IP, “levantamentos socioeconômicos detalhados sobre a pesca artesanal são mais frequentes em áreas menos urbanizadas, o que tende a invisibilizar a atividade em regiões como a Baixada Santista. Essa é uma lacuna que o “Entre Marés” vem suprir, buscando valorização e reconhecimento para a atividade na região. O livro é um convite para conhecer, amar e defender a pesca artesanal que acontece secularmente no território onde foi instalado o maior porto da América Latina.”

Sobre o Projeto
O livro foi realizado no âmbito do Projeto Valoriza Pesca, que faz parte do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado pela empresa Ultracargo, em razão do dano socioambiental causado pelo incêndio em seus tanques de combustível na área portuária de Santos, em 2015.
A iniciativa tem como objetivo trazer informações sobre a pesca artesanal, valorizar a atividade e gerar conhecimento, a partir de um olhar atento, técnico e humano sobre seus desdobramentos sociais, ambientais e econômicos. O e-book está disponível para download. Clique aqui e leia a publicação na íntegra.
Instituto de Pesca
O Instituto de Pesca é uma instituição de pesquisa científica e tecnológica, vinculada à Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios (Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que tem a missão de promover soluções científicas, tecnológicas e inovadora para o desenvolvimento sustentável da cadeia de valor da Pesca e da Aquicultura.
Assessoria de imprensa IP
Seção de Comunicação Científica
Gabriela Souza /Andressa Claudino
Cel.: (11) 94147-8525
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Sustentabilidade em pauta: instituição de pesquisa leva projetos de impacto à COP de Investimentos
Na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro de 2025, haverá a participação de duas pesquisadoras da Apta Regional — instituição de pesquisa vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA). A presença da Apta Regional reforça a integração da pesquisa agropecuária paulista à agenda climática global, incentivando inovação, conservação ambiental e desenvolvimento econômico sustentável.
As pesquisadoras Maria Teresa Vilela Nogueira Abdo e Elaine Cristine Piffer Gonçalves participarão da 16ª edição da Cúpula Mundial do Clima – a COP de Investimentos, nos dias 13 e 14 de novembro. O evento é um espaço estratégico para a articulação de parcerias e promoção de projetos sustentáveis brasileiros, reunindo iniciativas da Fundação Mundial para o Clima, incluindo a Coalizão de Investimentos Climáticos, a Rede Mundial de Biodiversidade e a Rede Mundial de Impacto — que buscam conduzir o mundo rumo a um futuro de emissões líquidas zero e impacto positivo sobre a natureza.
“A participação da Apta Regional na COP30 é fundamental para fortalecer a visibilidade institucional e destacar o papel estratégico da pesquisa agropecuária paulista no contexto das mudanças climáticas”, destaca Maria Teresa Abdo.

PqC Maria Teresa Abdo
As pesquisas estão relacionadas às metodologias de mensuração de ganhos da agricultura de baixo impacto, sustentável e na construção de políticas públicas que possam alavancar o produtor. Uma das metas da COP30 é que o Brasil possa liderar um grupo de países na uniformização metodológica para cálculo e comercialização do crédito de carbono.
A participação das pesquisadoras representa o reconhecimento do trabalho desenvolvido pela Apta Regional em projetos voltados à agricultura regenerativa, bioeconomia e conservação ambiental. Dentre as pesquisas em destaque estão os Sistemas Agroflorestais nas unidades de Pindamonhangaba, Bauru e Pindorama; a Agricultura orgânica em Pindamonhangaba, São Roque, Monte Alegre do Sul e Adamantina; a Arborização de pastagens e pecuária sustentável em Pindamonhangaba; o Sequestro de carbono pela cadeia da seringueira, com proposta de pagamento por serviços ambientais em Colina e Pindorama; o Monitoramento da água e restauração florestal com plantio de mudas e semeadura direta (muvuca de sementes) em Pindorama; os Estudos de bioeconomia com plantas medicinais em Pindamonhangaba; e o Levantamento de fauna e flora em unidades de conservação e remanescentes florestais da SAA.
Coordenadora da Rede de Pesquisa em Agroecologia Regional (RAR), Maria Teresa desenvolve projetos relacionados ao sequestro de carbono e à sustentabilidade agropecuária. Sua atuação está alinhada aos temas centrais da COP30, especialmente em soluções baseadas na natureza, mitigação das emissões de gases de efeito estufa e transição para sistemas produtivos resilientes ao clima. A Rede Agroecológica, criada pela Apta Regional, tem promovido ações integradas entre pesquisadores e a sociedade, com seminários em diversas unidades de pesquisa do Estado de São Paulo. “Os encontros levam aos produtores resultados concretos de projetos agroecológicos, baseados no tripé da sustentabilidade ambiental, social e econômica”, detalha a pesquisadora.
Entre as linhas de pesquisa desenvolvidas, estão projetos sobre pagamento por serviços ambientais de carbono, com foco na valorização de práticas agrícolas sustentáveis, pois para as pesquisadoras, produtores que adotam sistemas de manejo que reduzem emissões de gases de efeito estufa deve ser beneficiados com políticas públicas e incentivos adequados. A Apta Regional também realiza estudos em biodiversidade, bioeconomia e restauração florestal, aproveitando fragmentos de florestas existentes em suas unidades de pesquisa. “No Noroeste Paulista, por exemplo, são conduzidos diversos projetos de restauração, com ênfase no conhecimento do bioma local, produção de mudas e semeadura direta (muvuca de sementes) ”, reforça Maria Tereza. Esses plantios servem como referência para produtores que buscam se adequar às exigências do Código Florestal. Os estudos defendem a criação de mecanismos de remuneração a quem preserva ou restaura florestas, reconhecendo o valor econômico dos serviços ambientais. “Nada mais justo do que remunerar financeiramente os serviços ambientais prestados pelas florestas”, defende a coordenadora da RAR.
As pesquisas da Apta Regional envolvem metodologias de mensuração de ganhos da agricultura sustentável e o desenvolvimento de políticas públicas que fortaleçam o produtor rural. Uma das metas da COP30 é justamente promover a uniformização internacional de métodos de cálculo e comercialização de créditos de carbono — campo em que a instituição já atua de forma pioneira.
Já Elaine Piffer Gonçalves atua em linhas de pesquisa que dialogam diretamente com as discussões da conferência, contribuindo com conhecimento científico aplicado e estratégias inovadoras de adaptação e mitigação climática na agricultura.

Pesquisadora Elaine Piffer
“Participar desse debate, conhecer as novas diretrizes e metas traçadas pelos países presentes e compreender como a agricultura pode mudar o curso da questão climática faz toda a diferença na nossa pesquisa. Poderemos propor novos projetos ou integrar ações já existentes, sempre com base técnica sólida e compromisso ambiental e social”, ressalta Elaine Gonçalves.
Segundo a pesquisadora, são desenvolvidos trabalhos junto à cadeia da borracha natural, com metodologia para cálculo de sequestro de carbono em seringueiras e espécies nativas, visando a geração de créditos de carbono. “A cultura da borracha natural brasileira já é reconhecida internacionalmente por seguir protocolos socioambientais rigorosos — sem trabalho infantil ou escravo, com uso responsável da terra e baixo consumo hídrico, além de eficiência no uso de defensivos, priorizando uso de produtos biológicos no controle de pragas e doenças.” É uma cultura sustentável, pois oferece proteção ao solo e a biodiversidade local. Práticas que vão ao encontro da sustentabilidade preconizada pela COP30, que procura unir produção eficiente e sustentável e preservação das florestas, mitigando o efeito estufa.
“Esse engajamento é essencial para posicionar a Apta Regional como referência técnica e científica no enfrentamento das mudanças climáticas na agricultura”, conclui o coordenador da instituição, Daniel Gomes.
COP30 BR: desafios e compromissos do Brasil para o clima
A COP30 reunirá mais de 190 países para debater políticas globais de enfrentamento às mudanças climáticas, com foco na redução de emissões, adaptação, financiamento climático e proteção de florestas e biodiversidade.
O Brasil vive uma nova oportunidade de protagonismo internacional ao sediar o evento, com metas ambiciosas de redução de emissões e retomada do papel de liderança climática global. O país também avança com o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), importante ferramenta para financiar a transição ambiental e incentivar práticas regenerativas.
Na COP30, o Brasil ainda lançará o Fundo Tropical das Florestas (TFFF), que propõe um novo modelo de financiamento climático, no qual países que preservam suas florestas tropicais serão recompensados financeiramente via fundo global, tornando a conservação uma alternativa economicamente vantajosa.
O encontro promete marcar um novo capítulo da agenda ambiental brasileira, integrando discurso, política e prática em torno de um mesmo objetivo – enfrentar a crise climática com base em ciência, inovação e sustentabilidade.
Sobre a Apta Regional
A Apta Regional é uma Instituição de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo (ICTESP), vinculada à Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios (Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA). Com 18 Unidades Regionais de Pesquisa e Desenvolvimento, atua em áreas como agronomia, zootecnia, pesca continental, sanidade vegetal e animal, agregação de valor em produtos agropecuários, sistemas integrados de produção e segurança alimentar. Considerada o maior hub descentralizado de pesquisa agropecuária do Estado, a Apta Regional oferece soluções tecnológicas aplicadas, adaptadas às realidades locais e regionais, contribuindo para o fortalecimento das cadeias produtivas e para uma agricultura mais sustentável e competitiva.
Por
Lisley Silvério (MTb. 26.194)
Apta Regional /Apta/ SAA
Seção de Comunicação Científica
Assessora de Imprensa e Comunicação Institucional
Por meio da Secretaria de Agricultura, governo paulista levará carreta com cursos de educação alimentar e aumento da renda por todo o estado .
O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, lança nesta segunda-feira (10), em Cajamar, a Carreta do Cozinhalimento, iniciativa voltada para o treinamento e geração de renda para pequenos e microempreendedores.
Com um investimento total de R$ 3,3 milhões, o projeto da Subsecretaria de Abastecimento e operacionalizado pela Diretoria de Segurança Alimentar da Pasta tem como meta capacitar mais de 5 mil pessoas até o final de 2026, oferecendo treinamentos gratuitos de culinária em diferentes regiões do Estado. A ação integra o conjunto de políticas públicas do Governo de SP voltadas à geração de renda, inclusão produtiva e fortalecimento da agricultura paulista.
Nesta primeira etapa, até o final de 2025, a carreta percorrerá diversos municípios oferecendo oficinas de panetones e ceias natalinas para cerca de 500 pessoas, com investimento de R$ 450 mil. O objetivo é estimular o empreendedorismo e gerar renda extra para as famílias, especialmente neste período de fim de ano.
“O Cozinhalimento é um projeto que transforma o conhecimento em oportunidade. É o Governo de São Paulo investindo na vida das pessoas e na valorização do trabalho, para que cada aluno possa transformar o que aprende em renda e dignidade”, afirma o secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai.
“Fico muito feliz por Cajamar ser a cidade escolhida para o lançamento dessa iniciativa tão importante. Nosso compromisso é justamente esse: abrir portas para que a população tenha acesso a oportunidades que transformam vidas. A Carreta do CozinhAlimento chega para somar aos esforços que o município vem fazendo em prol da qualificação profissional e da geração de renda para as famílias cajamarenses”, celebrou Kauãn Berto, prefeito de Cajamar.

Legenda: estrutura interna da Carreta do Programa Cozinhalimento
Programa consolidado ganha versão itinerante
O Cozinhalimento já é uma política consolidada da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, presente em unidades fixas distribuídas por todo o Estado de São Paulo. Desde o início do programa, 258 cozinhas foram inauguradas, em um investimento total de R$ 25,5 milhões, voltadas ao treinamento de comunidades, promoção da segurança alimentar e valorização dos produtos da agricultura paulista.
Com a chegada da carreta itinerante, o projeto amplia seu alcance e mobilidade, levando qualificação gratuita a municípios que ainda não possuem unidades físicas, fortalecendo o compromisso do Governo de SP com a formação técnica e a geração de renda no campo e na cidade.
“Como madrinha deste projeto é uma honra ver Cajamar ser a primeira cidade a receber a Carreta do CozinhAlimento e também motivo de muito orgulho. O Fundo Social acredita no poder da capacitação como ferramenta de transformação, e esse projeto representa exatamente isso: levar conhecimento, autoestima e novas possibilidades para quem deseja empreender e conquistar sua independência financeira” – ressaltou Nadja Haddad, Presidente do Fundo Social de Solidariedade de Cajamar.

Legenda: Carreta percorrerá cidades do interior garantindo treinamento aos munícipes
O líder de Inovação da Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios (Apta), Sérgio Tutui, participou do painel “Inovação no Agro Paulista e os Enfrentamentos aos Desafios Ambientais Contemporâneos”, realizado no palco do Espaço de Inovação, durante o Summit Agenda SP+Verde, evento internacional pré-COP promovido pelo Governo de São Paulo, a Prefeitura de São Paulo e a Universidade de São Paulo (USP).
O encontro reuniu especialistas, lideranças e representantes da sociedade para debater desenvolvimento sustentável e economia verde, em uma programação voltada à construção de soluções para os desafios climáticos e ambientais contemporâneos.
O painel contou com Ayrton Jun Ussami, coordenador de Ambientes de Inovação do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), e Giane Santos, representante do Agropolo, do Parque Tecnológico de São José dos Campos, e foi mediado pela Paula Lima, diretora-presidente do Cietec.
Representando o AptaHub, iniciativa da Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios (Apta), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Sergio Tutui destacou o esforço de construção de uma cultura institucional da inovação, que aproxima pesquisadores, empreendedores e gestores públicos para transformar resultados científicos em soluções práticas para o setor agropecuário.
“Estamos exigindo que as instituições, os gestores e os pesquisadores saiam da sua zona de conforto. É um movimento cultural e estrutural. A pesquisa científica precisa se traduzir em impacto real, gerar nota fiscal, promover negócios e transformar a realidade do campo”, afirmou Tutui.
Com pouco mais de um ano e meio de operação, o AptaHub vem consolidando-se como um núcleo de integração e difusão tecnológica dentro da Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios, reunindo startups, empresas e pesquisadores dos sete institutos ligados à Secretaria de Agricultura. O objetivo é impulsionar a inovação aberta e o empreendedorismo científico nas cadeias produtivas do agro paulista.
Ayrton Jun Ussami apresentou as ações do MAPA voltadas ao fortalecimento dos ecossistemas de inovação em todo o país, com destaque para o projeto Conecta MAPA, que propõe uma plataforma digital multilingue para integração de dados, soluções e atores do agro brasileiro e internacional. “A ideia é transformar desafios em oportunidades. A inovação precisa acontecer de forma colaborativa, com a organização dos setores e a criação de políticas públicas eficazes para o desenvolvimento sustentável do agro”, ressaltou Ussami.
Já Giane Santos, do Agropolo São José dos Campos, apresentou a trajetória de construção do ambiente de inovação do município, destacando a sinergia entre o setor aeroespacial, a agricultura de precisão e o agronegócio sustentável. “Começamos com 20 empresas e, ao longo dos últimos anos, criamos um ecossistema que hoje atrai startups e grandes corporações voltadas à biotecnologia, nanotecnologia e monitoramento ambiental”, contou. O Agropolo é hoje um exemplo de como a integração entre parques tecnológicos, universidades e empresas pode impulsionar a economia local e ampliar o alcance das tecnologias do agro paulista.

Desafios e perspectivas
Encerrando o painel, Sergio Tutui reforçou que a inovação no agro deve ser entendida como uma questão estratégica para a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e a competitividade global do Brasil.
“O Brasil é referência em pesquisa agropecuária, mas precisamos garantir que o conhecimento chegue ao campo. Se a pesquisa parar por uma semana, damos milhões de passos atrás. É a ciência que garante alimento, renda e futuro para o país”, concluiu.
Sobre o AptaHub
Rede de ambientes de inovação de excelência que conecta pessoas e soluções inovadoras com foco no agro, o AptaHub tem o objetivo de fomentar o ecossistema de inovação do agro e apoiar as Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, coordenadas pela Apta, a construir pontes, ampliando a conexão entre institutos, pesquisadores, empreendedores e grandes empresas, sempre visando gerar valor para o setor.
Informações para a imprensa
Luíza Cardoso Costa – luiza.costa@sp.gov.br
Gustavo Steffen de Almeida – gsalmeida@sp.gov.br
Kelly Nascimento – kelly@cietec.org.br
Painel reuniu SP Águas, ANA, Arsesp, Secretaria de Agricultura e setor privado para discutir segurança hídrica, uso racional, fiscalização e inovação no contexto das mudanças climáticas
No segundo dia de encontros do Summit Agenda SP+Verde, realizado no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, o painel “Regulação e Gestão Climática dos Recursos Hídricos” reuniu especialistas para discutir como o país pode se preparar para um cenário de eventos extremos, escassez e enchentes crescentes tendo a regulação como instrumento estratégico para garantir segurança hídrica.
O debate foi mediado por Thiago Mesquita Nunes, diretor-presidente da Arsesp, que abriu a conversa questionando como o Brasil pode assegurar disponibilidade hídrica para todos os usos, da população às indústrias, da agricultura ao meio ambiente em um contexto de mudanças climáticas.
Legado do DAEE, segurança hídrica e nova regulação
A diretora-presidente da SP Águas, Camila Viana, ressaltou que o Estado de São Paulo entra em uma nova fase da gestão da água, combinando o legado de mais de 70 anos do antigo DAEE com uma agenda regulatória estruturada para o futuro.
“Estamos construindo uma institucionalidade voltada à segurança hídrica, somando a experiência histórica do DAEE ao novo olhar regulatório da SP Águas. Quanto mais estruturada for a regulação, maior será nossa capacidade de enfrentar o cenário de incertezas climáticas.”
Camila destacou que a SP Águas nasce com atribuições de fiscalização técnica sobre captações, outorgas e segurança de barragens, além da responsabilidade de consolidar normas dispersas em um único marco regulatório, sempre com a participação social.
“Não podemos tolerar a captação clandestina de água. Nosso papel é regular, fiscalizar e também incluir o usuário irregular no sistema, para que todos joguem sob as mesmas regras.”
Ela apresentou também os seis eixos da Agenda Regulatória da SP Águas, que envolve governança, outorga, cobrança pelo uso da água, monitoramento hidrológico, segurança de barragens e sustentabilidade dos recursos hídricos. Um dos investimentos em curso é a criação da Sala de Situação, hub de dados para monitoramento em tempo real de eventos climáticos, reservatórios e disponibilidade hídrica.
ANA alerta: mudanças climáticas já afetam o abastecimento no país
A diretora-presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Veronica Sánchez, reforçou que a crise climática se manifesta primeiro e de forma direta na água — seja em forma de escassez ou de cheias.
“As mudanças do clima são sentidas antes de tudo na água, porque ela impacta o que é essencial: a vida das pessoas. A escassez e as enchentes já são realidade, e a resposta precisa ser rápida, técnica e cooperativa.”
Veronica destacou que o Brasil precisa avançar simultaneamente na redução de perdas no sistema de abastecimento, na garantia de reservas hídricas para múltiplos usos e na integração de dados entre União, Estados e Agências Reguladoras.
“Nenhum ente da federação vai vencer essa agenda sozinho. Monitoramento, compartilhamento de informações e atuação conjunta são indispensáveis.”
Agricultura defende irrigação técnica e redução de perdas
O secretário-executivo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Alberto Amorim, afirmou que o país vive hoje o efeito reverso da antiga crença de que a água era um recurso infinito.
“O Brasil nunca teve problema de excesso, e agora a falta nos obriga a rever o uso da água. O pior desperdício não está só no consumo, mas nas perdas — e elas ainda são muito altas.”
Ele enfatizou que irrigação não é simplesmente “molhar”, mas uma técnica que exige planejamento e eficiência, citando manuais técnicos elaborados pela CATI e USP. Amorim também mencionou a importância da integração contínua entre órgãos públicos para tornar disponíveis os dados hidrológicos necessários à gestão.
Inovação, reuso e água positiva: visão global sobre o futuro
O painel também trouxe a perspectiva da iniciativa privada com o fundador da Aqua Positive e secretário-geral do Water Positive Think Tank, Alejandro Sturniolo, que defendeu que o Brasil não precisa importar modelos de gestão hídrica, pois ainda possui uma das maiores disponibilidades de água doce do mundo.
“O conceito de ‘water positive’ significa devolver mais água ao meio ambiente do que se consome. Isso passa por eficiência, reuso, dessalinização, captação de chuva e revitalização de aquíferos. É possível, é viável e já está acontecendo em vários países.”
Para ele, o país precisa acelerar soluções que combinem tecnologia, redução de consumo e regeneração de mananciais.
O debate reforçou que o enfrentamento da crise climática exigirá não só obras e infraestrutura, mas sobretudo governança, integração institucional, regulação moderna e gestão baseada em dados.
O Summit Agenda SP+Verde encerra com a mensagem de que a política de recursos hídricos deixa de ser apenas um tema ambiental e passa a ocupar o centro da agenda climática, regulatória e econômica do Estado — um passo essencial rumo à universalização do acesso, ao saneamento completo e ao uso racional da água em tempos de incerteza.
Sobre o evento
O Summit Agenda SP+Verde é um evento internacional pré-COP promovido pelo Governo de São Paulo, Prefeitura de São Paulo e USP. O encontro reúne especialistas, lideranças e representantes da sociedade para debater desenvolvimento sustentável e economia verde.
A estrutura montada no Parque Villa-Lobos conta com cinco palcos, rodada de negócios, área de inovação, Casa da Circularidade, espaço gastronômico e atrações culturais.
Os debates estão organizados em quatro eixos temáticos: Finanças Verdes, Resiliência e o Futuro das Cidades, Justiça Climática e Sociobiodiversidade e Transição Energética e Descarbonização. Uma trilha de economia circular também conecta todos os palcos e se estende à Casa da Economia Circular, com vivências e workshops sob curadoria do Movimento Circular.
Na área de inovação, universidades e institutos tecnológicos discutem o papel da pesquisa e da tecnologia na transformação climática de São Paulo. No palco principal, a economia verde é o centro das discussões, com presença de lideranças políticas e convidados nacionais e internacionais.
O Summit é resultado de uma ampla mobilização pelo desenvolvimento sustentável e conta com patrocínio de Cosan, Comgás, Edge, Rumo, Sabesp, Itaú, Amazon, Votorantim Cimentos, EcoUrbis, Solví, Loga, Motiva, EDP, Veolia, CPFL Energia, Metrô, Stellantis, Ecovias, Toyota, JHSF, TetraPak, Aena, Scania, AstraZeneca, Weg e Bracell; além de apoio institucional da Fiesp, Senai, Única, Aesabesp, Abrainc, Secovi-SP, Associação Comercial de São Paulo, Pateo 76, Abiogás, SP Águas, Cetesb, DER-SP, Fundação Florestal, Arsesp, SPTrans, Prefeitura de Campinas, B3, The Nature Conservancy, CEBDS, Pacto Global, SOS Mata Atlântica, Movimento Circular, União BR, Circular Brain, CET-SP, Dia da Terra, Instituto de Conservação Costeira, Inovaclima, IPT, Zeros, Ideia Sustentável, Kearney, Instituto Baccarelli, Zero Summit, Parque Villa-Lobos, NEOOH, Global Renewables Alliance (GRA) e Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI), MBRF, White Martins e Microsoft.
Painel foi moderado por Lia Palm, coordenadora de Agricultura do município de São Paulo, e permitiu que autoridades e produtores apresentassem modelos de suporte a produção sustentável.
Conciliar a produtividade do setor agropecuário aos desafios adaptativos das mudanças climáticas por meio de sistemas alimentares de baixa emissão e financiamento da agricultura familiar foi o destaque nesta quarta-feira (5) no palco de Finanças Verdes do Summit Agenda SP+Verde, realizado no Parque Villa‑Lobos. O painel “Investimentos em Sistemas Alimentares de Baixo Carbono para um Futuro Regenerativo” integrou o Palco Temático de Finanças Verdes.
A moderadora Lia Palm apresentou o programa Sampa+Rural, iniciativa da Prefeitura de São Paulo que reúne produtores da agricultura urbana, periurbana e rural, turismo e alimentação saudável em uma única plataforma na cidade. Ela destacou como o programa apoia locais de agricultura, aceleração de hortas e práticas agroecológicas no município, reafirmando o compromisso da cidade com o desenvolvimento rural sustentável. 
Pela Secretaria de Agricultura de SP, Alberto Amorim, secretário-executivo da Pasta, detalhou o pacote de ações da Secretaria para investimento em agricultura de baixo carbono. Entre os destaques, mencionou que o Estado de São Paulo se consolidou como referência nacional em agricultura regenerativa e suporte a pequenos produtores, com mais de R$ 800 milhões em crédito rural aplicados entre 2023 e 2025 por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP).
Além disso, ele destacou outras linhas de apoio a pequenos produtores por meio do FEAP Mulher e outras subvenções, com foco em bioinsumos, transição energética no campo (biodigestores, biogás, biometano) e incentivos à adoção de práticas de baixo carbono.
Do setor produtivo, esteve presente a Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais e de Água Limpa da Região Sul (Cooperapas), por meio de sua presidente Valéria Macoratti, que apresentou o trabalho da cooperativa, localizada no extremo sul de São Paulo, voltada à agricultura familiar agroecológica, à proteção de mananciais e ao fortalecimento de circuitos curtos de comercialização. Ela compartilhou desafios, conquistas e a importância da articulação entre produtores, comercialização coletiva e políticas de apoio para pequenas propriedades.
Representando o setor privado global, a Tetra Pak esteve com Eija Hietavuo, diretora de Assuntos Corporativos, Sustentabilidade e Transformação do Sistema Alimentar da empresa, e a MBRF com Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade e relações institucionais da companhia, que falaram sobre os potenciais das empresas no contexto de sistemas alimentares sustentáveis e os critérios de sustentabilidade que orientam suas operações, como metas de redução de emissões, uso de materiais certificados e inovação em embalagens para apoiar cadeias alimentares de menor impacto. 
Carbono, floresta e água: integração ambiental
Por meio do programa Integra SP, o Estado já alcança 1,3 milhão de hectares com sistemas integrados de produção, com meta de expandir para mais 1 milhão até 2030, restaurando áreas degradadas e promovendo práticas regenerativas.
Outras iniciativas incluem o programa PSA Berços d’Água e Águas Rurais, que já investiu R$ 18 milhões entre 2023 e 2025, remunerando agricultores pela proteção de mananciais e recursos hídricos e por meio do avanço expressivo do Cadastro Ambiental Rural (CAR), com 198 mil cadastros validados e 16 mil hectares em recomposição de Áreas de Preservação Permanente e Reservas Legais.

Sobre o evento
O Summit Agenda SP+Verde é um evento internacional pré-COP promovido pelo Governo de São Paulo, Prefeitura de São Paulo e USP. O encontro reúne especialistas, lideranças e representantes da sociedade para debater desenvolvimento sustentável e economia verde.
A estrutura montada no Parque Villa-Lobos conta com cinco palcos, rodada de negócios, área de inovação, Casa da Circularidade, espaço gastronômico e atrações culturais.
Os debates estão organizados em quatro eixos temáticos: Finanças Verdes, Resiliência e o Futuro das Cidades, Justiça Climática e Sociobiodiversidade e Transição Energética e Descarbonização. Uma trilha de economia circular também conecta todos os palcos e se estende à Casa da Economia Circular, com vivências e workshops sob curadoria do Movimento Circular.
Na área de inovação, universidades e institutos tecnológicos discutem o papel da pesquisa e da tecnologia na transformação climática de São Paulo. No palco principal, a economia verde é o centro das discussões, com presença de lideranças políticas e convidados nacionais e internacionais.
O Summit é resultado de uma ampla mobilização pelo desenvolvimento sustentável e conta com patrocínio de Cosan, Comgás, Edge, Rumo, Sabesp, Itaú, Amazon, Votorantim Cimentos, EcoUrbis, Solví, Loga, Motiva, EDP, Veolia, CPFL Energia, Metrô, Stellantis, Ecovias, Toyota, JHSF, TetraPak, Aena, Scania, AstraZeneca, Weg e Bracell; além de apoio institucional da Fiesp, Senai, Única, Aesabesp, Abrainc, Secovi-SP, Associação Comercial de São Paulo, Pateo 76, Abiogás, SP Águas, Cetesb, DER-SP, Fundação Florestal, Arsesp, SPTrans, Prefeitura de Campinas, B3, The Nature Conservancy, CEBDS, Pacto Global, SOS Mata Atlântica, Movimento Circular, União BR, Circular Brain, CET-SP, Dia da Terra, Instituto de Conservação Costeira, Inovaclima, IPT, Zeros, Ideia Sustentável, Kearney, Instituto Baccarelli, Zero Summit, Parque Villa-Lobos, NEOOH, Global Renewables Alliance (GRA) e Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI), MBRF, White Martins e Microsoft.
A coordenadora do Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Cristiane Neiva, participa nesta quarta-feira, 5 de novembro, no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, do Summit Agenda SP+Verde. O evento começou ontem e tem como principal objetivo promover um amplo debate sobre desenvolvimento sustentável e economia verde, servindo como uma plataforma preparatória para a COP30, que ocorrerá em Belém neste ano.
O encontro visa à integração entre diversos setores da sociedade para discutir a agenda climática global, destacando o papel de São Paulo na criação de soluções para os desafios ambientais, por meio de discussões sobre políticas públicas, marcos legais e ações de preservação voltadas a manguezais, zonas costeiras e alto-mar, ressaltando a urgência de uma governança oceânica integrada. A iniciativa reúne ciência, comunidades costeiras e ações globais alinhadas à Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030), promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), reforçando a importância de proteger esse “fôlego azul” essencial à vida e ao futuro do planeta.
No Palco Justiça Climática, a coordenadora do IP participou do painel Fôlego Azul: O Papel dos Mares no Equilíbrio do Clima e da Vida, junto a Alexander Turra, Professor do Instituto Oceanográfico da USP; David Schurmann, CEO da Voz dos Oceanos; e Rodrigo Figueiredo, Presidente do Instituto Meu Oceano.
Conhecimento científico a serviço dos oceanos
Com o Museu de Pesca, o Programa de Pós-Graduação em Pesca e Aquicultura, e a atuação de seu corpo técnico em colegiados, comissões e grupos de trabalho, o IP apoia ações de educação e conscientização sobre a importância da conservação dos oceanos e dos recursos marinhos, envolvendo comunidades costeiras e pesqueiras.
Além disso, o Instituto contribui de forma efetiva com suporte técnico para a elaboração de normativas, políticas públicas e marcos legais voltados à proteção dos ecossistemas marinhos e à gestão sustentável dos recursos pesqueiros, promovendo a produção responsável de pescado.
Pesca Azul: economia circular e inclusão social
Entre as iniciativas de destaque está o Programa Pesca Azul, que agrega dois projetos estratégicos – Petrechos de Pesca e Recriamar, que visam avaliar, monitorar, remover e caracterizar artes pesqueiras inservíveis, encontradas no mar, analisando os materiais e a capacidade de reaproveitamento sustentável.
As ações buscam prevenir e mitigar os impactos ambientais, sociais e econômicos diante de artes pesqueiras encontradas no mar, além de identificar desafios e oportunidades para implementar melhores maneiras de gerenciar equipamentos de pesca. Há também a coleta de redes descartadas de forma voluntária em ecopontos.
O programa inclui a participação de cooperativas locais, com a finalidade de promover a inclusão social e econômica dos pescadores, possibilitando um sistema composto por um conjunto de ações e facilitando a inclusão de artes de pesca não utilizadas na Economia Circular Azul, além de fomentar a geração de produtos competitivos e sustentáveis. Em um ano, foi coletada uma tonelada de panos de rede, que foi direcionada a testes de reciclagem.
Governança participativa e justiça azul
O Projeto Valoriza Pesca é outro exemplo de como o IP se conecta com comunidades de pescadores, acreditando que as governanças oceânica e da pesca integradas são fundamentais para proteger os oceanos e promover a justiça azul (ambiental e social), garantindo que as decisões sejam tomadas de forma participativa e equitativa.
Desta forma, em estreita colaboração com as comunidades pesqueiras, garante-se que as vozes dos pescadores sejam ouvidas e suas necessidades consideradas em momentos de tomada de decisão. Superar questões que afetam a pesca artesanal nas diferentes regiões também significa avançar em ações para construção deste oceano desejado, sendo a pesca artesanal a chave que pode alavancar a conexão da sociedade com o ambiente e a defesa deste.
Outro destaque neste projeto é a integração dos dados gerados (perfil socioeconômico e etnoecológico, monitoramento da produção, avaliação dos estoques pesqueiros, qualidade e contaminação do pescado) sob a ótica dos Desafios da Década do Oceano, buscando demonstrar a real devolutiva da pesquisa para um oceano funcional, produtivo, resiliente e sustentável.
Monitoramento e segurança alimentar
Já o Programa de Monitoramento da Produção Pesqueira tem viabilizado um sistema contínuo e confiável para monitorar a atividade pesqueira, atingindo mais de 25 mil pescadores e pescadoras do litoral paulista beneficiados. Ele gera informações essenciais para sustentabilidade e fortalecimento das atividades pesqueiras, dando suporte à gestão dos recursos e promovendo a segurança alimentar.
O programa é estruturado com equipes treinadas para registrar informações sobre desembarques, espécies capturadas e esforço de pesca, gerando um banco de dados robusto sobre a saúde dos estoques pesqueiros marinhos, subsidiando políticas públicas e pesquisas que contribuam com a implementação de práticas de manejo sustentável dos recursos marinhos pesqueiros.
Pescado e saúde única
O Núcleo de Pesquisas Pescado para Saúde (NPPS) destaca os benefícios do pescado na alimentação humana e para o planeta. A pesca e a aquicultura emitem menos gases de efeito estufa do que outras cadeias de proteína animal e utilizam menos recursos naturais. O pescado é ainda fonte de proteínas de alto valor biológico, gorduras insaturadas e nutrientes essenciais.
Apesar de todos os benefícios, o consumo de pescado ainda é baixo no Brasil. O IP defende ações de educação alimentar e políticas públicas que ampliem o acesso ao pescado em escolas, hospitais e restaurantes populares. Promover sistemas alimentares sustentáveis com base no pescado significa investir em um futuro mais saudável e equilibrado para o consumidor, para o clima e para o planeta.
Para Cristiane Neiva, “o Instituto de Pesca é um parceiro estratégico nessa agenda global, pois está sempre contribuindo com pesquisa científica, dados estratégicos e suporte técnico para a formulação de políticas públicas voltadas à sustentabilidade e preservação de ecossistemas aquáticos. Acredito que o Instituto possa ser um grande parceiro nos desafios de promoção de um oceano funcional, produtivo, resiliente e inspirador”.
Por Gabriela Souza
Instituto de Pesca
O Instituto de Pesca é uma instituição de pesquisa científica e tecnológica, vinculada à Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios (Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que tem a missão de promover soluções científicas, tecnológicas e inovadora para o desenvolvimento sustentável da cadeia de valor da Pesca e da Aquicultura.
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São Paulo concentra o maior cultivo da flor comestível do país e investe em pesquisa para preservar e modernizar a produção
Pouca gente sabe, mas a alcachofra é uma flor. Colhida antes de se abrir completamente, quando suas pétalas ainda protegem um coração macio e saboroso, ela se transforma em um dos ingredientes mais valorizados da culinária e símbolo da agricultura paulista.
É em São Paulo que essa flor ganha o maior espaço de cultivo do Brasil. No município de Piedade, no interior do estado, cerca de 90% da produção nacional tem origem, consolidando a cidade como capital brasileira da alcachofra. Ali, tradição e conhecimento se unem há gerações, e foi de lá que saíram as mudas que hoje abastecem produtores de todo o país.
A cultura faz parte da identidade local. “São poucos produtores, mas com muita relevância para o Brasil. Nossa alcachofra é reconhecida pela qualidade, resultado de décadas de dedicação e preparo cuidadoso”, destaca Otávio Freitas Neves, produtor de Piedade e herdeiro de uma família que cultiva a flor há mais de 60 anos.
Com clima ameno e solo fértil, a cidade oferece as condições ideais para o cultivo. A colheita ocorre, em geral, uma vez por ano, mas técnicas de indução hormonal permitem uma segunda safra, ampliando a produtividade e o abastecimento. Versátil, a alcachofra também se destaca na gastronomia: é usada em pratos sofisticados ou simples, sempre valorizando o sabor paulista que vem do campo.
Reconhecendo essa importância, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA) apoia os produtores por meio da Diretoria de Assistência Técnica Integral (CATI), oferecendo orientação, acesso a crédito rural, apoio para regularização ambiental e incentivo à comercialização em programas institucionais, como a merenda escolar.
Além do suporte técnico, São Paulo também investe em pesquisa e inovação para manter viva a tradição da flor. Na Apta Regional de São Roque, próxima a Piedade, uma equipe trabalha para modernizar o cultivo e recuperar o vigor genético da tradicional alcachofra “Roxa de São Roque”. O projeto, coordenado pelo pesquisador Wilson Tivelli, começou em 2010 e ganhou força a partir de 2020, em parceria com o Instituto Biológico (IB-Apta) e a CATI Sementes e Mudas.
Após décadas de multiplicação vegetativa, a planta havia perdido força devido à contaminação por vírus. A iniciativa envolveu a identificação dos vírus presentes nas plantas, a limpeza do material genético em laboratório e a produção de novas mudas livres de contaminação. Em 2023, essas mudas foram reintroduzidas no campo, em dois sistemas de cultivo: o tradicional, com linhas simples, e um modelo experimental em linhas duplas, que busca aumentar a densidade de plantio e, consequentemente, elevar a rentabilidade dos produtores.
“O objetivo é garantir que a alcachofra continue sendo um símbolo cultural e econômico de São Roque e de toda a região, unindo tradição, ciência e inovação”, afirma Tivelli.
Em 2025, programa da SAA já atendeu 424 produtores rurais, com auxílio de 96 técnicos da CATI
Por Juan Piva
Técnicas relativamente simples na agricultura, a análise e a correção de solo são incentivadas pela Diretoria de Assistência Técnica Integral (CATI) por meio do Programa Solo + Fértil, que visa, em médio prazo, um aumento mínimo de 20% da produtividade agrícola do Estado de São Paulo.
Realizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), o Solo + Fértil tem como objetivo promover as utilizações da calagem e da adubação em todas as unidades de produção agropecuária do estado, estimulando agricultores, especialmente os de pequeno e médio portes, a fazer análise de seus solos. Somente no primeiro semestre deste ano, o programa já atendeu 424 produtores rurais, de 26 municípios paulistas.
“Mais do que uma ação técnica, o Solo + Fértil é um incentivo para que os agricultores conheçam melhor suas áreas produtivas. É um gesto de carinho com a terra, que, bem tratada, responde à altura. Um solo cansado pode ser recuperado e, com análise e correção de sua acidez, conseguimos orientar o uso certo de insumos, aumentar a produtividade e reduzir custos. Todo esse esforço dos nossos 96 técnicos que atuam no programa tem ajudado o campo paulista a produzir mais, com menos desperdício e mais consciência”, afirma o diretor da CATI, Ricardo Domingos Pereira.
O secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai, destaca que a SAA oferece assistência técnica, análise e conhecimento para que cada área cultivada possa alcançar todo o seu potencial produtivo. “O solo é o maior patrimônio do agricultor, e cuidar dele garante que todo o investimento feito pelo produtor em maquinários, insumos, sementes e infraestrutura produtiva valha a pena. Por isso, a Secretaria está ao lado dos produtores, com nossas equipes, para que a terra seja mais um fator para um agro cada vez mais forte”, ressalta Piai.

Unidades demonstrativas
As unidades demonstrativas do Solo + Fértil estão situadas em Angatuba, Areias, Assis, Campos Novos Paulista, Cunha, Echaporã, Estrela d’Oeste, Ibirarema, Itaberá, Itaóca, Itapetininga, Itapirapuã Paulista, Jambeiro, Lagoinha, Lutécia, Paraguaçu Paulista, Paraibuna, Platina, Quatá, Ribeira, Sagres, Santa Albertina, São Miguel Paulista, Tambaú, Tarumã e Tupã.
Além da operacionalização da CATI, o programa é realizado em estreita colaboração com a Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios (Apta), por meio do Instituto Agronômico de Campinas (IAC-Apta), e conta com o apoio da Associação Nacional para Difusão de Adubos, do Sindicato das Indústrias de Calcário do Estado de São Paulo (Sindical) e da Syngenta. Essas parcerias garantem suporte técnico e logístico.
Para facilitar a adesão, a SAA também credencia laboratórios regionais que executam análises de solo e orientam os produtores assistidos. As regionais da CATI em Assis, Fernandópolis, Guaratinguetá, Itapetininga, Itapeva, Jales, Pindamonhangaba, São João da Boa Vista e Tupã coordenam os trabalhos nas 26 unidades demonstrativas do Programa Solo + Fértil.
Bairro da zona sul da capital paulista é exemplo de produção orgânica e abastecimento local
Entre avenidas movimentadas e bairros cheios de vida, há um lado pouco conhecido da capital paulista: o campo que resiste e prospera dentro da cidade. Pequenos e médios produtores mantêm uma agricultura ativa, sustentável e próxima do consumidor, mostrando que o agro também faz parte da vida urbana.
Localizado no extremo sul da capital paulista, o bairro de Parelheiros é um exemplo de produção rural. A região possui aproximadamente 400 produtores, com destaque para culturas de frutas e hortaliças, segundo a Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo. Além disso, o local possui cerca de 20 quilômetros de estradas rurais.
Nascida e criada no bairro, Yumi Murakami é produtora de frutas e dá continuidade ao legado da família, seguindo os passos do pai na agricultura. “A produção familiar dentro da cidade de São Paulo é uma vitória. Nós temos o privilégio de estarmos em plena capital, a apenas 32 km do centro, plantando em nossa terra, temos nossa água limpa, mantendo a mata ao redor intacta”, destaca Yumi. O cultivo, que começou com o plantio de bananas, evoluiu ao longo dos anos e hoje conta com mais de 15 certificações orgânicas, resultado do trabalho sustentável e da dedicação da família à agricultura familiar.
Atuante nas feiras livres orgânicas da capital paulista, Yumi percebe o aumento constante na procura por produtos orgânicos. Segundo ela, os consumidores buscam cada vez mais alimentos voltados à saúde e reconhecem a diferença no sabor e na qualidade das frutas cultivadas de forma natural. Com esse foco, a produtora mantém o compromisso de oferecer alimentos saudáveis, cultivados com respeito ao meio ambiente e à tradição da agricultura familiar.

A produtora Roseilda Lima Duarte, do Sítio Bebedouro Agricultura Orgânica, cultiva hortaliças e frutas e mantém uma atuação que vai além da comercialização. Ela abastece restaurantes, consumidores locais e ainda destina parte de sua produção a projetos sociais e iniciativas de educação ambiental.
Com o apoio da Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais e de Água Limpa da Região Sul de São Paulo (Cooperapas), ela consegue escoar os alimentos para restaurantes e institutos voltados à produção orgânica, como o Baru, Feira Livre e Chão. Roseilda também abre as portas do sítio para o turismo pedagógico, recebendo escolas e visitantes interessados em conhecer o cultivo orgânico. Ao final de cada visita, todos levam para casa uma sacola com produtos frescos.

Além de ser uma área rural dentro da zona urbana, a produção em Parelheiros também se destaca pela forma como os produtos chegam ao consumidor. Diferente do caminho que os produtos do interior percorrem, a localização facilita a chegada ao consumidor final, que muitas vezes mora no próprio bairro.
Engenheiro agrônomo e produtor, Luciano Santos realiza o cultivo de plantas ornamentais e cita justamente a diferença do perfil do consumidor da produção urbana. “Nossos principais compradores são varejistas, paisagistas e viveiros da região. Por estarmos na cidade, um dos nossos diferenciais é essa proximidade com o cliente final”, destacou o produtor.

Campo e cidade: mesmo atendimento rural e fiscalização
Assim como na zona rural, a Diretoria de Assistência Técnica Integral (CATI) também está presente na extensão rural ao agricultor da área urbana. Segundo Lucas Volpato, especialista agropecuário da Diretoria de Assistência Técnica Integral (CATI) em São Paulo, o perfil do produtor nas áreas urbanas se assemelha muito ao produtor rural. Apesar disso, ele aponta a vocação para a questão agroecológica, afirmando que os agricultores na cidade possuem uma ação maior neste assunto.
“O produtor urbano tem essa questão mais já enraizada. Não é algo que precisamos explicar para ele. É algo que ele já produz dessa maneira, que ele já pensa assim. É um agricultor já mais focado em mudanças climáticas e questões mais agroecológicas”, explicou.
A fiscalização e os aspectos legais das produções em áreas urbanas são iguais às do campo. O ponto crucial a ser observado é se o plantio está em conformidade com as regulamentações municipais da cidade. “Não há restrições para o plantio em zonas urbanas, exceto para culturas mais restritivas, como a laranja. Em geral, a produção deve apenas respeitar a legislação vigente na cidade de São Paulo”, explica Lucas.
A Defesa Agropecuária também atua na capital e realiza a fiscalização das áreas cultivadas com os mesmos critérios aplicados às regiões rurais. Quando se trata de culturas com legislação específica, como banana ou citros, são aplicados os protocolos correspondentes. Durante as vistorias, são verificadas a presença e o uso correto de agrotóxicos, as condições de armazenamento, o uso de equipamentos de proteção individual, as receitas agronômicas e os comprovantes de devolução das embalagens vazias. Também é avaliado o estado de conservação do solo, conforme procedimentos técnicos definidos para cada situação.
Com o apoio técnico e a presença constante da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, a produção agrícola da capital mostra que o agro também é parte essencial da cidade de São Paulo