Tiago Rodrigues, de Santo Antônio da Alegria, venceu pela segunda vez o Concurso Estadual “Qualidade do Café de São Paulo, promovido pela Secretaria de Agricultura
Tiago Rodrigues é um agricultor familiar, que ao lado do pai Sebastião e da irmã Valéria, produz café no município de Santo Antônio da Alegria, região da Alta Mogiana de São Paulo. “Nossa história no campo começou com o meu avô, Antônio Lúcio, que plantou a primeira lavoura de café em sua propriedade e passou pra gente todo o ensinamento. Eu cresci vendo meus pais trabalhando nos cafezais. A cafeicultura sempre fez parte da minha vida,” relembra o produtor.
E a experiência do jovem agricultor está rendendo frutos. Em novembro, os grãos produzidos no sítio da família, o SR Santa Rita, venceu pela segunda vez o Concurso Estadual “Qualidade do Café de São Paulo”, na modalidade
fermentado
.
De acordo com os organizadores, nesta edição 180 produtores de café disputaram em diversas categorias. Ao todo, foram analisadas 320 amostras de cafés, quase o dobro que a edição anterior.
Tiago Rodrigues conseguiu uma marca importante na avaliação dos jurados, 85 pontos, uma diferença pequena para o segundo colocado que obteve 83.40. “No meio de tantas amostras de todo o estado de São Paulo e ficar na primeira colocação, pelo segundo ano seguido, é uma emoção muito grande. Uma satisfação ainda maior foi receber o prêmio pelas mãos do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas e do secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai,” ressalta Rodrigues.
Para o produtor de Santo Antônio da Alegria, o concurso, além de trazer visibilidade no mercado cafeeiro, também proporciona um direcionamento para a produção. “É muito importante participar e ver se o nosso trabalho está dando resultado. Isto só comprova que estamos no caminho certo e realizando um trabalho essencial”, afirma Tiago Rodrigues, que produz as variedades Catuaí Amarelo, Arara e Catucaí 2SL em uma área de aproximadamente 10 hectares.
A categoria vencida por Rodrigues, consiste em passar por um processo controlado de fermentação, trazendo mais complexidade ao seu sabor do café. Os grãos são colocados dentro de tambores e isolados, sem iluminação e oxigênio por quase cinco dias.
Um dos avaliadores do Concurso, o pesquisador científico e engenheiro agrônomo do Instituto Agronômico (IAC-APTA), Gerson Giomo ressalta que classificar os cafés fermentados não é uma tarefa fácil para os degustadores. “A percepção sensorial desses atributos pode ser positiva ou negativa, dependendo do tipo e grau de fermentação, da combinação entre eles e da intensidade com que se encontram. Boas fermentações preservam o corpo e a doçura natural e agregam sabores frutados, acidez cítrica e aromas florais ou de especiarias, melhorando a qualidade global da bebida”, esclarece Giomo.
A região Alta Mogiana, onde fica o sítio da família, tem características que beneficiam o cultivo de café. O local possui uma área de planalto com montanhas com altitudes que variam de 900 a 1000 metros e temperaturas médias em torno dos 21ºC. A região é a maior produtora paulista de café e a terceira no âmbito nacional. Produz cerca de 3 milhões de sacas ao ano e envolve mais de 5 mil produtores.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento, através da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), contribui diretamente para o desenvolvimento da produção local. Para o chefe da Casa da Agricultura de Santo Antônio da Alegria, Idelberto Miranda, as ações recentes da unidade em conjunto com o agricultor foram essenciais para a melhoria no cultivo da propriedade. “A CATI tem fornecido informações para que o produtor possa garantir a qualidade em sua produção. Como o Tiago é um produtor de cafés especiais e participa de inúmeras capacitações voltadas à produção, as informações que são repassadas para ele são incorporadas ao seu manejo. Exemplo prático foi a adoção de pó de rocha em substituição a adubação com cloreto de potássio, pois o potássio degrada a enzima polifenol oxidase que é responsável pela qualidade do café”, detalha Idelberto Miranda.
“Café que vem da nossa família para a sua família! Carinho e cuidado do plantio à entrega”, ess
e é o slogan da empresa familiar. Vale destacar que o empreendimento está trabalhando com a marca própria, o Café Bartier, em homenagem à mãe de Tiago Rodrigues, Margarida de Fátima Rodrigues, que faleceu em 2011.
E o pequeno produtor de café já se prepara para a próxima edição do Concurso Estadual “Qualidade do Café de São Paulo”, nas categorias fermentação e via seca natural. Vamos esperar até novembro do próximo ano, quando está prevista a divulgação dos melhores cafés paulistas de 2024.